«Ministry of Fear» é um filme policial dirigido por Fritz Lang em 1944, baseado no romance homónimo de Graham Greene, publicado no ano anterior. Estávamos, pois, em plena época da II Guerra Mundial, quando urgia encontrar um discurso propagandístico, que garantisse a adesão das sacrificadas populações aliadas ao esforço de guerra contra os nazis. E nada melhor do que dar ao mais importante realizador alemão dessa época os meios para expressar essa militância.
Ademais havia que pôr de sobreaviso as populações aliadas quanto às infiltrações inimigas nas instituições governamentais dos seus países.
Assim se explica este «Ministério do Medo», incompreensivelmente traduzido como «Prisioneiros do Terror».
O filme conta as vicissitudes por que passa um homem acabado de sair de um manicómio e logo envolvido numa trama complexa aonde se movimentam agentes do Reich infiltrados nas instituições inglesas. Nada se teria passado se Stephen Neale não se deixasse seduzir por uma quermesse popular em Lembridge e pela possibilidade de ganhar um bolo em função da adivinhação do seu peso.
Instado a visitar a barraca da vidente Mrs. Bellane ele solta uma frase de circunstância em que a manda esquecer o passado e contar-lhe o futuro, o que constitui uma senha para se ver na posse do tal bolo, que depressa é pressionado para devolver, já que ocorrera um equívoco singular.
Mas quem o convenceria a separar-se do seu troféu? Só um falso cego, que com ele irá partilhar a carruagem do comboio entre Lembridge e Londres e o agride à primeira oportunidade
Saltando do comboio em sua perseguição, Neale vê o agressor ficar estilhaçado por uma bomba alemã, nada parecendo sobrar dele ou do bolo. Mas intrigado com o que lhe acontecera, Neale investiga em Londres a Sociedade das Nações Livres, organização responsável pela quermesse de Lembridge.
É assim que conhece dois irmãos austríacos, Willi e Carla Hife, que escaparam às perseguições nazis no seu país e agora organizam recolhas de fundos para apoiar o esforço de guerra aliado. Consegue a morada de Mrs. Bellane e dirige-se aí acompanhado do simpático George… mas trata-se de uma mulher bem diferente da que estivera envolvida no episódio do bolo em Lembridge. Mas, igualmente perigosa, já que convida os seus visitantes para uma sessão espírita em que um dos participantes é morto a tiro, ficando Neale como suspeito principal, obrigado a fugir para escapar à polícia.
Como é próprio dos filmes desta época, será o verdadeiro vilão a supostamente ajudar o protagonista, perdurando-se no espectador a sensação de se tratar de alguém de muito simpático. Estamos a falar, obviamente, de Willi Hife, cujas ligações aos nazis eram completamente desconhecidas pela irmã, depressa envolvida emocionalmente com Neale. Que lhe conta como se vira acusado de homicídio por, dois anos antes, ter facilitado o inevitável desiderato da esposa, então a viver o sofrimento de uma doença incurável em estado terminal. Assim, se explica a brevidade e o tipo de pena a que ele fora sujeito…
Agora o casal escapa a um atentado à bomba e, internado no hospital, a recuperar dos ferimentos, Neale convence o desconfiado inspector Prentice, da Scotland Yard, a acompanhá-lo nas investigações conducentes à demonstração da sua tese: que a organização de Willi Hife é uma mera fachada de uma rede de espiões nazis. Que acabam mortos ou aprisionados…
É claro que, hoje, este filme constitui uma mera curiosidade cinéfila...
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