sábado, outubro 15, 2011

Documentário: LENI, LA VIE APRÈS LA MORT de André Dartevelle

No Inverno de 1944 a Bélgica e o Luxemburgo foram fustigados por uma ofensiva alemã que viria a ser conhecida como a batalha das Ardenas.
A guerra estava praticamente perdida para os nazis - Hitler morreria quatro meses depois no seu bunker -, mas eles iriam revelar nessas curtas semanas a crueldade própria dos que nada tinham a perder. E os que sobreviveram a esses acontecimentos eram, então, crianças, que hoje evocam as suas memórias com sessenta anos de distância.
As batalhas então ocorridas, e que apanharam de surpresa os GI’s norte-americanos, não implicaram prisioneiros: fossem militares ou civis, os alemães a todos consideraram como inimigos a quem se justificava tirar a vida. Fosse por fuzilamento, fosse pelo incêndio de granjas aonde os encerravam.
É a lógica da intimidação pelo terror, que começa por resultar nos primeiros dias, mas que se virará contra os invasores nos dias seguintes.
Nunca se identificando os protagonistas, senão quando se tratavam dos criminosos comandantes alemães, o filme expressa, sobretudo, o lamento destes sobreviventes, que viram morrer pais, irmãos e outros familiares e só podem imaginar o que teria sido a vida com a sua enriquecedora presença.
Nalguns casos, o realizador intercala imagens de arquivo particularmente impressionantes como o são as colhidas pelo padre de Saintlez em 1940, com pessoas felizes envolvidas nas fainas campestres e a quem estaria reservada tão triste sina.
Outro aspecto, igualmente pouco conhecido, foram as sequelas dos bombardeamentos aliados, que também provocaram muitas vítimas na população civil. Ou as penas relativamente leves atribuídas aos principais responsáveis pelas matanças, depois da vitória final.
Mas o título do filme resulta do reencontro de Marcelle e de Leni, duas amigas, que nunca mais se tinham visto desde crianças e agora reencontradas na condição de velhas senhoras.
Havendo tanta forma de abordar os temas relacionados com a II Guerra Mundial, a opção de Dartevelle é particularmente eficiente por apostar sobretudo nas reminiscências traumáticas de gente anónima, porém forçada a protagonizar episódios de uma excepcional dimensão histórica e psicológica...

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