Um filme de ficção científica produzido na Turquia? A estranheza do objecto aconselhava a que o visse, quanto mais não seja para ajuizar a sua eventual originalidade. Tanto mais que se trataria de obra destinada a um público mais vasto do que os das salas de arte e ensaio e, como tal, seria conveniente vislumbrar o tipo de mensagens ideológicas nela veiculadas.
É claro que só podia redundar em desilusão, porque, embora dotado de meios de produção muito razoáveis e com efeitos especiais uns furos acima dos de Ed Wood, a história é tão pobrezinha, que chega a merecer a condescendência reservada aos pobres de espírito.
Ela resume-se a isto: um guia turístico e vendedor de tapetes, tipo canastrão do mais alto coturno, é raptado por uma nave alienígena e levado para o planeta G.O.R.A.
Aí vem ao de cima o seu lado espertalhão para livrar-se da escravatura das minas e conseguir a conquista do coração da bela princesa a cuja mão aspira o vilão de serviço, precisamente o comandante da nave que o raptara.
O nacionalismo exacerbado do filme explicita-se na superioridade de tudo que tenha a matriz turca: a língua, a moeda, a música, os filmes românticos… e até a referida princesa, afinal filha de outro turco anteriormente levado da Terra...
As referências a filmes do género vão surgindo a par e passo, mas é necessário arranjar paciência de santo para alcançar o genérico final…
Da Turquia já vimos excelentes filmes alizadores como Yilmaz Guney, Zeki Okten ou Nuri Bilge Ceylan. Mas o cinema de cariz mais comercial, como é este o caso, adopta o nível rasteiro tão comum em quem tende a considerar os espectadores como mentecaptos...
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