O início lembra «Mrs. Dalloway», a excelente novela de Virgínia Woolf sobre uma mulher de estatuto social elevado que organiza uma festa em sua casa e, através dela, compreende não só o quão vazia foi a sua vida, como o quanto ela poderia ter sido diferente se, num passado distante, houvesse seguido as inclinações do seu coração.
Mas Maria Clara Pons, a personagem do conto «A Festa» de Rubem da Fonseca, depressa perde protagonismo, entregando-o aos vários convidados da sua festa. Que têm a futilidade esperada em quem frequenta ocasiões sociais apenas ditadas pela obrigação de aparecer e de partilhar conversas estereotipadas com quem rivalizam em afirmação de sucesso.
O inesperado surge pela morte súbita de um dos convidados. Mas nem esse corpo sem vida perturba a convivencialidade instituída. Quem estava a dançar, a beber copos ou a conversar, continua a fazê-lo sob o álibi de se tratar assim de o homenagear como se ele continuasse a partilhar toda aquela fingida animação.
No entanto, que mais perturbador para aquela gente, do que a morte enquanto elemento perturbador das suas certezas. A morte, que desarticula todas as vaidades e transforma em nada o tremendo vazio daquelas vidas.
Mas todos os convidados da festa iludem esse íntimo receio de se confrontarem com a sua inevitabilidade enquanto partilham uma experiência colectiva.
Quando se coloca a possibilidade de participarem no funeral de Casemiro todos desaparecem apesar das promessas em comparecerem.
Tão solitária quanto terá sido a sua passagem pela vida, também o corpo do conviva baixa à terra na maior dos desamparos.
O conto de Rubem da Fonseca acaba por constituir uma crítica mordaz a uma classe social abastada, mas tão gelatinosa de personalidade, quanto ausente de genuínos sentimentos...
Mas Maria Clara Pons, a personagem do conto «A Festa» de Rubem da Fonseca, depressa perde protagonismo, entregando-o aos vários convidados da sua festa. Que têm a futilidade esperada em quem frequenta ocasiões sociais apenas ditadas pela obrigação de aparecer e de partilhar conversas estereotipadas com quem rivalizam em afirmação de sucesso.
O inesperado surge pela morte súbita de um dos convidados. Mas nem esse corpo sem vida perturba a convivencialidade instituída. Quem estava a dançar, a beber copos ou a conversar, continua a fazê-lo sob o álibi de se tratar assim de o homenagear como se ele continuasse a partilhar toda aquela fingida animação.
No entanto, que mais perturbador para aquela gente, do que a morte enquanto elemento perturbador das suas certezas. A morte, que desarticula todas as vaidades e transforma em nada o tremendo vazio daquelas vidas.
Mas todos os convidados da festa iludem esse íntimo receio de se confrontarem com a sua inevitabilidade enquanto partilham uma experiência colectiva.
Quando se coloca a possibilidade de participarem no funeral de Casemiro todos desaparecem apesar das promessas em comparecerem.
Tão solitária quanto terá sido a sua passagem pela vida, também o corpo do conviva baixa à terra na maior dos desamparos.
O conto de Rubem da Fonseca acaba por constituir uma crítica mordaz a uma classe social abastada, mas tão gelatinosa de personalidade, quanto ausente de genuínos sentimentos...
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