terça-feira, agosto 05, 2008

Casa das Penhas Douradas (4)

A sala de refeições esclarece que tipo de pessoas deverão ser cativadas para o projecto. Quatro mesas pequenas encostadas à parede das traseiras, aquela de cujas janelas se vêem as serranias distantes. Mesas, que se destinam aos casais aqui à procura de reviver cenários de excepção para reacender chamas esmorecidas nas rotinas do dia-a-dia.
Para quem escapa a tal regra, sobra a mesa grande do centro da sala, destinada a grupos mais heterogéneos.
Depois há a comida confeccionada segundo os preceitos da nouvelle cuisine adaptados aos sabores nacionais num resultado desigual, ora surpreendente pela novidade, ora repetitivo pelo recurso, dia após dia, a uma mesma lógica de recurso a produtos de custo moderado decorando-os de forma a épater le bourgeois.
Que resulta não duvidemos: numa das refeições deu para ouvir enfáticos elogios aos cozinheiros, como se deles só surgissem ágapes divinos, daqueles que até seriam capazes de assombrar o próprio Deus.
De elogiar sim o profissionalismo de quem nos serve, um homem de singular polivalência, pois cumpriu as mais diversas tarefas de apoio aos residentes enquanto ali estivemos.
De nome Paulo, ele desiludira-se com a sua passagem de vários anos pelas Pousadas de Portugal, antes de ali vir a aterrar como verdadeiro anjo da guarda de quem ali se recolheu, ciente de assentar arrais no Purgatório com vistas para o prometido Paraíso...

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