No início dos anos 20, durante a guerra civil, o exército inglês, que ocupa a Mongólia, captura um jovem caçador de peles, Baïr, que se colocara ao lado dos guerrilheiros. Encontram nele um amuleto, que pertencera a um lama, e que continha a carta de Gengis Khan, que o faz passar por descendente do célebre conquistador tártaro.
Depois de quase o terem executado, os ingleses decidem fazer de Baïr, um rei fantoche a eles submetido…
Vsevolod Poudovkine figura entre os cineastas de vanguarda que, em prol das ambições propagandísticas do jovem Estado soviético, conseguiram, criar uma notável força lírica no ecrã. Ela é bem notória neste filme rodado em cenários naturais da Mongólia e que fora amputado de muitas das suas sequências contemplativas hoje tidas como fascinantes.
Para celebrar a virtude bolchevique e a sua vitória sobre as forças do Mal, Poudovkine filma homens e lugares com uma inspiração única, visivelmente inspirado pelas infinitas planícies e pelo magnetismo do seu actor principal, Valeri Inkijinov.
E, paradoxalmente, é quando o argumento se dedica a denunciar o peso das tradições e das crenças, a verdade etnográfica de algumas cenas rodadas, de forma documental, num mosteiro budista, que o filme mais impressiona por nos dar a ver, a um século de distância, como se vivia na Mongólia nos anos 20.
Depois de quase o terem executado, os ingleses decidem fazer de Baïr, um rei fantoche a eles submetido…
Vsevolod Poudovkine figura entre os cineastas de vanguarda que, em prol das ambições propagandísticas do jovem Estado soviético, conseguiram, criar uma notável força lírica no ecrã. Ela é bem notória neste filme rodado em cenários naturais da Mongólia e que fora amputado de muitas das suas sequências contemplativas hoje tidas como fascinantes.
Para celebrar a virtude bolchevique e a sua vitória sobre as forças do Mal, Poudovkine filma homens e lugares com uma inspiração única, visivelmente inspirado pelas infinitas planícies e pelo magnetismo do seu actor principal, Valeri Inkijinov.
E, paradoxalmente, é quando o argumento se dedica a denunciar o peso das tradições e das crenças, a verdade etnográfica de algumas cenas rodadas, de forma documental, num mosteiro budista, que o filme mais impressiona por nos dar a ver, a um século de distância, como se vivia na Mongólia nos anos 20.
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É uma evidência, que poucos podem contestar: na história do cinema um dos seus períodos mais gloriosos aconteceu na União Soviética de José Estaline.
Nessa época, realizadores da dimensão de um Eisenstein, de um Dziga Vertov ou de um Poudovkine inventaram o cinema e deram-lhe a gramática essencial, que ele assumiria durante todas as décadas seguintes.
Até um notório fascista como António Lopes Ribeiro não se privou de colher em tais realizadores muito do seu saber, depois por ele investido em glória de Salazar.
A oitenta anos de distância os propósitos propagandistas de um filme como «Tempestade na Ásia» deixaram de ter a importância de então, embora sejam elucidativos quanto à forma como era então encarado o marketing político numa lógica de agitação e mobilização de quem deveria construir o novo regime. Mas, mesmo para quem torça o nariz a uma tão evidente defesa dos ideais comunistas, a beleza estética do filme de Poudovkine não pode deixar indiferente. Porque se trata de um monumento sob a forma de imagens em movimento. E as mais básicas preocupações culturais deverão sugestionar o potencial espectador para se render ao prodígio estético das imagens colhidas nos cenários naturais da Mongólia durante a primeira década da Revolução de Outubro.
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