quarta-feira, janeiro 16, 2019

(PtE) Misticismos absurdos, fraudes literárias e segredo de arquitetura


Será que os êxtases místicos de Santa Teresa de Ávila teriam motivações sáficas? A questão justifica-se a propósito de um documentário em que, não só se aludia à imposição de um corte efetivo das monjas carmelitas com o exterior, acabando-se com a prática anterior de terem criadas ao seu serviço e receberem convidados - assim se tramavam as Sorores Marianas e os seus cavaleiros de Chamillys! - como é elucidativo o ano por ela passado com uma rica viúva de Segóvia, que lhe viria a subsidiar novos conventos. Que fervores terá percecionado a «santa» nesse período de que a História nada mais nos revela?
Misticismo absurdo também o dos regressados dervixes aos países balcânicos de cultura islâmica, depois de ter imperado o ateísmo como doutrina do Estado, quando aí mandavam líderes, que se diziam comunistas. Hoje em dia, quer no Kosovo, quer na Albânia, o sufismo volta a emergir em concorrência com um credo sunita mais radical estimulado pelos subsídios sauditas para a construção de novas mesquitas. Quer nos rituais em que os escolhidos pelo líder espiritual espetam ferros nas bochechas para, em transe, melhor se aproximarem do seu deus, quer na peregrinação a uma montanha, onde milhares de idiotas apostados em pedirem apoio divino para as suas aspirações a troco do sacrifício de centenas de pobres ovelhas, fica a questão de compreender como gente com alguma formação académica (havia um estudante de informática, uma jornalista e uma jurista!) podem revelar-se tão permeáveis a credos absolutamente irracionais?
Noutra proposta vi incensado esse equívoco chamado Boris Pasternak, galardoado por um romance onde equiparava a bestialidade dos russos brancos com a dos bolcheviques nos primeiros anos da Revolução de 1917. Eu sei que o tema de Lara encantou muitos corações piegas e que a beleza de Julie Christie compensava o grande canastrão, que era Omar Sharif, mas o filme apenas veio promover um «dissidente» tacanho, que a os anticomunistas ocidentais procuraram apresentar como prodígio para o fazerem mártir nas campanhas então lautamente subsidiadas pela CIA. E, nesses finais dos anos 50, a Academia Sueca colava-se tardiamente à caça às bruxas, que o macartismo havia promovido no início dessa década.
Menos polémica foi outra proposta, que nos explicou a razão porque a Muralha da China manteve tão sólida resistência apesar de tantos séculos passados após a sua construção. A aplicação de arroz como material de colagem entre as pedras revelou-se asizada e com eficácia bem superior à que teria se utilizado o moderno cimento.

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