domingo, setembro 16, 2018

(EdH) O dia em que os antifascistas britânicos deram uma lição exemplar aos nazis locais


No East End londrino, entre os cais do Tamisa e o bairro de Whitechapel, quase junto à Torre de Londres, fica a Cable Street que, a 4 de outubro de 1936, foi palco de uma verdadeira batalha campal entre contramanifestantes antifascistas e milicianos do BUF (União Britânica Fascista) de Oswald Morley, um aristocrata apostado em tornar-se na réplica de Hitler no seu país.
Apesar de uma petição assinada por milhares de pessoas ter exigido a proibição do desfile, o governo conservador, liderado por Stanley Baldwin, não só o autorizou como lhe garantiu a escolta musculada de sete mil polícias que, no momento das confrontações, também agrediram violentamente os antifascistas.
Para a História europeia os acontecimentos desse dia assinalaram um marco decisivo, porque milhares de pessoas desprezaram as orientações dos grandes partidos para que não «provocassem» os nazis, e cuidaram de lhes dar violenta lição. Muitos desses participantes não hesitariam em seguir para Espanha logo a seguir, juntando-se às heroicas Brigadas Internacionais que, debalde, tentaram derrotar a insurreição franquista. Um quarto dos 2500, que acorreram a esse imperativo internacionalista, nunca voltaram, porque foram mortos nos campos de batalha. E muitos dos sobreviventes regressaram com ferimentos mais ou menos graves.
Na abordagem que os historiadores andam a fazer sobre o sucedido em Cable Street desmente-se a tese de uma maioria de intelectuais e estudantes a confrontarem-se com os Nazis e com a polícia. De facto, a exemplo do que aconteceria com a origem social dos brigadistas, a maioria proletária era mais do que evidente.

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