sexta-feira, setembro 28, 2018

(DL) «Survivre» de Frederika Amalia Finkelstein


“Na noite de 13 de novembro compreendi que a guerra podia acontecer no meu rés-do-chão. Uma forma insuspeita de guerra. O medo e a desconfiança tornaram-se banais: vivo à espera do próximo atentado.
Na noite de 13 de novembro, uma geração viu-se a contas consigo própria: os assassinos tinham a mesma idade dos assassinados.
Sobreviver é uma homenagem a esta geração nascida com os ecrãs, sempre a eles ligada e, ainda assim, a viver numa imensa solidão.
Queremos ser livres: por vezes para o melhor, noutras para o pior”
Não é o primeiro, nem quase por certo será o último romance suscitado pelo que sucedeu no Bataclan de Paris há quase três anos. Mas Yannick Haenel, que escreve no também martirizado Charlie Hebdo, considerou-o implacável na violência com que corresponde à do mundo. A protagonista fica tão perturbada com o sucedido, que não consegue evitar a obsessão de passar o tempo ao telemóvel a olhar para as fotografias das vítimas. Custa-lhe a aprender a suportar o insuportável como solução para retomar o curso normal dos dias.
Tendo iniciado o romance quatro semanas depois desse dia de novembro e constatando que o assassino tinha, a exemplo dela, 27 anos, esta neta de judia continua a insurgir-se com a aceitação do inaceitável, como o é por exemplo a implantação de lojas da Hugo Boss nas principais avenidas das cidades, como se todos quisessem ignorado ter sido esse costureiro a criar as fardas das SS nazis.

Sem comentários: