terça-feira, janeiro 19, 2016

DIÁRIO DAS IMAGENS EM MOVIMENTO: «Jayne Mansfield, a tragédia de uma loira» (2014)

Há muito tempo que considero imperdíveis os documentários assinados por Patrick Jeudy, que tem manifestado persistência na abordagem de algumas das personalidades mais representativas dos anos 50 e 60 dos EUA: John e Jacqueline Kennedy, Nixon ou Marilyn Monroe. Seria, pois, natural - até por ter dedicado dois filmes a esta última! - que assinasse um projeto sobre outra “loira platinada”, sua concorrente e de morte igualmente trágica: Jayne Mansfield.
Recorrendo ao seu estilo habitual de montagem de imagens de arquivos, interpretando-as e questionando-as em voz off, ele traça um itinerário representativo dos valores desses anos 50, que ora abria espaço para os sonhos mais ambiciosos, ora os frustrava de forma dramática.
Jayne nasceu numa família burguesa do Texas em 1933 e desde cedo ambicionou converter-se numa vedeta: era a época em que todas as miúdas americanas sonhavam mimetizar o percurso de Shirley Temple.
Chegada à maioridade, Jayne sai de casa e vai para Los Angeles já grávida do primeiro marido, que partiu entretanto para a Guerra da Coreia. Pintando os cabelos e mudando de aspeto, ela concorreu a inúmeros castings onde se pretendiam loiras platinadas. E o seu fator diferenciador - os seios avantajados - depressa a levou ao almejado sucesso.
Porque não se contentava com os papéis de loira burra e pretendia valer-se dos seus supostos dotes de atriz, partiu para Nova Iorque onde conheceu o retumbante sucesso numa comédia da Broadway: Will Success Spoil Rock Hunter?
Hollywood prostra-se aos seus pés, dando-lhe um contrato avultado para diversos filmes, o primeiro dos quais seria o da versão cinematográfica desse mesmo êxito teatral.
A interpretação valeu-lhe o Golden Globe de 1958, o único prémio de interpretação que receberia em toda a sua carreira.
Mas se a imprensa já a incensava como rival de Marilyn Monroe, ela não tardaria a cair no abismo: desapareceu dos ecrãs devido a uma nova gravidez e nunca mais conseguiria recuperar o estatuto, que julgara alcançar.
Fará publicidade, entrará em pequenos papéis de filmes quase anónimos, tentará a sorte nos casinos de Las Vegas e até arrisca uma segunda carreira no cinema italiano.
A morte ceifá-la-á aos 34 anos numa estrada próxima de Nova Orleães, quando o carro que conduzia embateu violentamente contra um camião. Embora se tenha difundido a notícia em como fora decapitada - e juro que desde 1967 sempre nisso acreditei! -, sabe-se hoje, que assim não sucedeu.
O que o documentário de Jeudy permite conhecer é a velha Hollywood dos anos 50, quando as pin-up estavam na moda e Jayne Mansfield tornava-se no melhor exemplo de um fenómeno tão passageiro, quanto pungente.


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