É uma das grandes tragédias do nosso tempo: esse afluxo clandestino de jovens do Terceiro Mundo a uma Europa aonde sonham encontrar o El Dorado.
Para além das discriminações de que são vítimas e das fortunas que possibilitam a quem trafica com tais ilusões, esses jovens incorrem no sério risco de nem sequer chegarem vivos ao almejado destino.
Irá ser esse o caso de um jovem curdo de 17 anos, Bilal, que percorre 4500 quilómetros e está disposto a tudo para atravessar o Canal da Mancha e chegar á sua desejada Mina, antes que o pai desta a obrigue a casar com um qualquer primo endinheirado.
Na primeira tentativa, Bilal não só falha, como arrasta para o fracasso os compatriotas com quem arrisca a passagem dentro de um camião de mercadorias, já que se sente incapaz de manter por muito tempo a cabeça dentro de um saco plástico, condição imprescindível para não denunciar a sua presença.
Como alternativa ele projecta atravessar o Canal a nado para o que contrata o professor de natação de uma piscina de Calais. Cultivando a indiferença perante o drama humano, que tanto impressiona a ex-mulher, Marion, Simon acaba por render-se ao querer daquele rapaz tão diferente de si, já que nem sequer fora capaz de atravessar uma rua para impedir a sua amada de partir.
Agora, ajudando Bilal ele tem a esperança de reconquistar Marion. E por isso torna-se persona non grata para os vizinhos racistas ou para os polícias, cuja missão é a de desencorajarem a emigração ilegal, dificultando-a tanto quanto possível.
Assumindo riscos impensáveis, Simon continua a apoiar Bilal, que tenta o impossível e quase consegue: é com as arribas de Dover à vista, que se afogará ao pretender escapar à perseguição da guarda costeira.
É um Simon enlutado, que irá a Londres conhecer Mina informando-a do que sucedera. Está consumado o unhappy end: ela casará com o homem, que o pai lhe destinou, e Simon conhecerá provavelmente a prisão por ter ajudado emigrantes ilegais…
Se uma história assim não terá comovido o mais empedernido dos seguidores de Le Pen, não sei mais o que conseguiria...
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