domingo, junho 12, 2011

Filme: O QUARTO DE HOTEL de Fred Breinersdorfer (2008)

Anouk Maldini cansou-se de ser tradutora de livros alheios e arrisca a publicação do seu primeiro romance junto de um editor de Berlim. Mas a primeira tentativa é um fracasso: o seu interlocutor é chamado de urgência pela filha e a entrevista é cerceada.
É ao sair de tal encontro, que ela trava conhecimento com um arquitecto, Heiner Jordan, que a salva de ser atingida por um obje

cto pesado tombado da lança de uma grua.
Tão agradecida lhe fica, que quase a deixa possui-la no gabinete do estaleiro aonde ele acompanha um prédio em construção.
Dias depois, ela volta de Estugarda para nova tentativa de entrevista e para um encontro com Heiner num quarto de hotel.
É neste limitado cenário, que quase todo o filme decorre, com sucessivos orgasmos partilhados, entrecortados por diálogos, ora tensos, ora cúmplices, em que eles falam sobre tudo (as respectivas famílias, os sonhos de uma ruptura com o presente apostando numa nova vida a dois) e vão sendo interrompidos ora por um alarme de incêndio, ora por um criado demasiado curioso em relação ao que os motiva a estar ali.
Nalguns dos momentos de maior questionamento sobre si mesmos, eles acabam por não compreenderem muito bem a razão de ali estarem. Porque, sobretudo no caso dele, existe uma culpabilização relativamente a Ellen com quem vive há 19 anos...
Claro que, na manhã seguinte, eles saem do limbo provisório em que se tinham encerrado e despedem-se. Cada um de regresso às respectivas cidades e realidades…
Neste filme de estreia, Fred Breinersdorfer sai completamente do género em que ganhou nome como argumentista («Sophie Scholl») ao tentar compreender a psicologia de duas pessoas brevemente tentadas por uma fuga às suas cinzentas existências, sem se deixarem convencer pela colorida expectativa de avançarem para algo de completamente diferente construído a dois.
Está implícita a questão do envelhecimento incontornável («o que seremos daqui a quatro anos?», questiona-a ele) e tudo quanto nunca se fez nem se perspectiva vir a ser possível.
Ou uma mera questão de realização pessoal ou profissional...
Mas, no final, fica a questão: para que serve um filme assim? O que é que com ele ganhamos em conhecimentos?
O vazio existencial dos personagens acaba por ser o do espectador entediado, que vê desfilar à sua frente o genérico final.

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