quarta-feira, abril 27, 2011

Livro: ORHAN PAMUK, «ISTAMBUL - MEMÓRIAS DE UMA CIDADE» (6)

Nas suas memórias enquanto cidadão da grande metrópole à beira do Bósforo, Orhan Pamuk recorda como, em criança, ia mudando de casa à medida que se sucediam as falências do pai e dos tios e a família empobrecia. Razão para um clima familiar marcado pelas ásperas discussões entre os progenitores.
E, no entanto, o jovem Orhan tinha a sorte de contar sempre com varandas ou janelas com vista privilegiada sobre o Bósforo, o que lhe dava o ensejo de se dedicar ao passatempo preferido: contar os navios que por ali navegavam. Mormente os de bandeira soviética, sempre a transitarem a horas muito tardias para passarem despercebidos.
Influenciado pelos romances infantis e juvenis, o jovem Pamuk chega a encarar a possibilidade de denunciar as manobras militares soviéticas aos seus compatriotas, imitando os heróis mais mediáticos de então.
Mas o que verdadeiramente o entusiasmavam eram as catástrofes marítimas: os incêndios em petroleiros, que chocavam entre si e poluíam as águas calmas do estreito, se não mesmo invadiam as margens tranquilas.
Interesses hoje recordados com a distância temporal, que desculpa muita da irresponsabilidade de então.

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