quarta-feira, abril 27, 2011

Documentário: TCHERNOBYL 4EVER de ALAIN DE HALLEUX

Cumpriram-se agora vinte cinco anos sobre a catástrofe de Tchernobyl, a mais terrível de quantas aconteceram com origem nas actividades industriais humanas.
Para não permitir que ela caia no esquecimento e, sobretudo, nos distraiamos dos efeitos terríveis ainda relacionados com a contínua degradação dos seus escombros, Alain Halleux foi à procura de jovens ucranianos animados pelo mesmo espírito de confrontar os seus contemporâneos com essa realidade. Tanto mais que, embora já nascidos depois da explosão, qualquer deles transporta no ADN as condições propícias para o surgimento de doenças incuráveis.
Alguns tornaram-se entusiásticos jogadores de «Stalker», que permite visualizar toda a central e a cidade mais próxima sem incorrer nos riscos de ser afectado pela intensa radiação. Que promete manter os medidores de roengtens em níveis elevadíssimos nas próximas centenas de anos.
Outros passaram para a poesia e para a música rock algumas das suas interrogações sem resposta sobre as causas e as consequências de tal acontecimento.
Nesse 26 de Abril de 1986 os acontecimentos que decorreram no reactor nº 4 da central tiveram um impacto enorme não só em quem vivia perto dele, mas também na própria história humana: a queda do mito soviético, com o derrube do respectivo regime e o advento das independências das repúblicas até então aglutinadas no seu império, acaba por ter consequências nos nossos dias e no aparente domínio incontestado do capitalismo selvagem.
Podemos, pois, considerar Tchernobil como muito mais do que uma catástrofe nuclear: ela destroçou as ilusões num outro tipo de vida, marcado por valores admiráveis, mas pouco consonantes com a realidade. Daí que urja uma recuperação de tudo quanto, então, se perdeu. Com a noção de subsistir muito de irrecuperável, mormente no caso desses milhares de vítimas, que a curto, médio e longo prazo, sofrem as consequências da suas radiações.
Se há quem não tenha colhido lições do sucedido - o governo ucraniano tem um plano energético em que prevê a construção de novas centrais -  há quem ainda passe os dias a imaginar como poderá evitar males maiores. O que poderá passar pela montagem de um novo sarcófago, que cubra toda a zona afectada e remova o combustível ainda existente nos demais três reactores, que continuaram a trabalhar até 2000.
O potencial de destruição de Tchernobyl ainda está longe de estar controlado e não esta excluído o cenário de um reavivar da crise, que ponha em causa toda a subsistência da população ucraniana, que continua a ser das mais pobres da Europa. Nesse sentido, Tchernobyl, e mais recentemente, Fukushima, acabam por dar razão a quem recusa um futuro energético dependente de forças tão incontroláveis como o são as decorrentes das reacções nucleares...


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