quinta-feira, abril 07, 2011

Conto: «RAZÃO DE O PAI NATAL TER BARBAS BRANCAS» (1944) de JORGE DE SENA

No prefácio à edição, que ando a ler de «As Antigas e Novas Andanças do Demónio», Jorge de Sena enfatiza o seu valor de escritor em detrimento de outros, rapidamente caídos no esquecimento pelo inevitável envelhecimento dos seus temas e estilos.
Sabe-se que ele sempre lamentou não colher da pátria o merecimento a que se julgava com direito, morrendo tão exilado quanto tinha estado durante a ditadura salazarista-marcelista.
E, no entanto, o conto que inicia o livro, escrito ainda a guerra lavrava por essa Europa fora, dificilmente passa o teste dos anos entretanto decorridos. Há uma personagem, que me é pouco simpática, mesmo com sete anos (Jesus Cristo) e as suas ânsias de prendas para o dia de Natal. Mas com o Diabo a ameaçá-lo, qual lobo para os três porquinhos, ao descer pela chaminé como se fosse o ofertante das prendas anuais.
A colocação de barbas brancas seria assim uma invenção para que não se confundisse esse Satanás com o venerável ancião nórdico.
Mesmo dando tratos à imaginação à procura de metáforas reconheço-me incapaz de a elas chegar com um mínimo de consistência.
Desinteressante, o conto parece-me muito mais um ensaio surrealista do que uma história com cabeça., tronco e membros...

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