Que espantosa actriz é Tilda Swinton! É a conclusão a retirar deste filme medíocre de Zonca, mas que garante a ela um espantoso desempenho.
Se alguma outra qualidade tem o filme, ela radica no incómodo do espectador com uma realidade, que não vai ao encontro do gosto normalizado a que se aspira por uma questão de tranquilidade mental. Pelo contrário vemos Júlia como uma alcoólica inveterada, a acordar todas as manhãs ao lado de efémeros parceiros de ocasião e a perder sucessivos empregos mal pagos.
Um dia deixa-se aliciar por uma mexicana meio enlouquecida a raptar-lhe o filho, confiado à guarda do sogro, conhecido milionário local. Mas em vez de confiar o miúdo à progenitora, Júlia vê a oportunidade de dar a volta ao caos em que transformara a sua vida. Só que a única parte do seu projecto a correr bem será o rapto em si.
Doravante ela conhecerá uma sucessão infindável de percalços, que a deixam cada vez mais exposta ao desastre de todas as suas ilusões. Mormente, quando atravessa a fronteira do Rio Grande e vai desembocar na perigosíssima cidade de Tijuana.
Aí raptam-lhe o miúdo e ela vê-se na iminência de ficar sem dinheiro nem criança. Embora nesta parte a lógica do filme roce o inconcebível, ela conseguirá salvar o miúdo, mesmo ficando despojada da redenção em forma de maços de dólares. Não será um happy end que satisfaça a generalidade dos espectadores, mas salvaguardam-se pelo menos os aspectos mais relevantes para a sua aceitabilidade enquanto entretenimento ...
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