sábado, fevereiro 05, 2011

Livro: MARK TWAIN, «A VIAGEM DOS INOCENTES» (9)

Ao acompanharmos Mark Twain por Constantinopla e pelos portos russos do Mar Negro, é inevitável pensarmos nas reacções dos contemporâneos de Fernão Mendes Pinto à sua Peregrinação. Porque embora o essencial das suas descrições assentem em situações reais, devemos sempre interrogar-nos sobre o empolamento dado pelo escritor, decidido a colorir amplamente as suas vivências.
Na capital turca somos obrigados a rir com o relato das suas desventuras num restaurante aonde o cozinheiro preparava carne de salsichas proveniente de alguns rafeiros ou palitava os dentes com o mesmo talher com que mexia os ovos.
A visita aos banhos turcos também não corre melhor. Por isso se nos chocáramos com a descrição de Twain a propósito da sua passagem pelos Açores, os turcos não terão grandes razões de contentamento quando lêem o que deles diz o escritor.
Na Rússia os passageiros do paquete são levados ao palácio de férias da família imperial em Ialta, para aí serem recebidos em audiência. Apesar da imagem autocrática dela dada pelos escritores da época, Twain mostra o czar e os seus parentes mais próximos como gente afável e pouco dada a sobrancerias aristocráticas.

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