domingo, fevereiro 20, 2011

Livro: AMÉLIE NOTHOMB, «UNE FORME DE VIE»

Amélie Nothomb dá sempre a ideia de escrever facilmente. Fala de si, das suas obsessões e é como se ligasse o piloto automático. Daí que a sua bibliografia já conte com dezenas de títulos, todos eles a parecerem contribuir para a sua autobiografia.
Em «Une Forme de Vie», romance datado de 2010, temo-la em correspondência epistolográfica com um soldado norte-americano em Bagdad, Melvin Mapple, que a comove com o seu problema: como consequência do stress motivado pelo ambiente em que está mergulhado, come incessantemente, de tal forma que já terá atingido os cerca de duzentos quilos de peso.
A essa excrescência de si mesmo ele dá o nome de Scherezade, encarando-a de forma sensual, muito embora se confesse de todos incompreendido devido ao seu aspecto grotesco.
Impressionada com tais relatos, Amélie acede ao pedido dele, que vê no seu corpo uma forma genuína de «body art» com vocação de protesto contra a guerra, e consegue-lhe a integração numa galeria belga, que expõe a sua fotografia como demonstração dessa condição de obra artística.
Os meses vão passando e o súbito silêncio de Melvin inquieta Amélie, que investiga a probabilidade de algo funesto lhe ter acontecido. Mas o que descobre deixa-a boquiaberta: toda a história de Melvin assentava numa fraude já que ele nunca deixara o seu quarto junto à garagem dos pais em Baltimore aonde deixara crescer o seu volume devido à sua forma obsessiva de encarar a relação com o seu computador.
Para Amélie, que está em vias de ir ao seu encontro nessa cidade norte-americana a única forma de evitar tal incómodo residirá em dar-se como terrorista e portadora de uma bomba atómica no questionário a que tem de responder no voo até ao outro lado do Atlântico.
Uma vez mais, finda a sua leitura, os romances de Amélie Nothomb revelam-se como meros divertimentos tipo melhoral: nem fazem bem, nem mal...

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