É forçoso reconhecer que a idade já vai tendo um efeito incontornável na forma como vou vendo os filmes. Filho de um outro tempo em que a informática ainda não desempenhava papel tão relevante na criação de efeitos especiais na indústria cinematográfica, confesso-me muito mais sensível a uma ambiência sherlockiana passada do que à soberba reconstituição da Londres de finais do século XIX. Por isso a reacção mais óbvia para definir a suscitada pelo filme do Guy Ritchie com o Robert Downey Jr e o Jude Law é que se cai no excesso da parra para tão pouca uva.
Irritante, igualmente, aquele atestado de menoridade mental ao espectador fazendo-lhe o desenho de tudo quanto irá ou acabou de suceder. Como se, mais do que esse tal clima, fosse mais determinante explicar tintim por tintim o que ele estava a visualizar.
Quanto à história em si, temos mais uma variação do demiurgo apostado em conquistar o poder à custa da implantação do terror, sendo travado pelos heróis de serviço.
E, porque se está num tipo de cinema para plateias de consumidores de pipocas arranjam-se diversas cenas de pancadaria e umas explosões de permeio, como se fossem condimentos imprescindíveis para tão mentecaptos destinatários.
Na lógica do entretenimento puro e duro é como o melhoral: não faz bem, nem faz mal... mas a versão do Billy Wilder em 1970 ainda figura como exemplo de referência de um tipo de cinema fundamentado na personagem de Conan Doyle, que vai muito além deste espalhafato visual.
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