Quer em Veneza, quer em Florença, Mark Twain desfila diante de milhares de quadros, que repetem os mesmo temas religiosos e pouco o sensibilizam. Por muito que sejam assinados por Ticiano, Tintoretto ou qualquer outro grande mestre.
Mas reconheça-se que Twain, por essa altura, ainda nem sequer sabia da importância do Renascimento na arte europeia de trezentos anos atrás. E, no entanto, a ingenuidade com que reconhece a sua ignorância, continua a estar presente no nosso ofício de turistas do século XXI. Porque, contaminados pela pressa de consumirmos o mais possível no espaço de tempo mais curto, também nós sprintamos pelos corredores das galerias dos museus sem nos atardarmos a contemplar cada obra com a disponibilidade, que cada uma mereceria.
Nesse sentido os documentários de Hector Obalk ou os seus apontamentos de reportagem para a magazine televisiva «Metrópolis» do canal franco-alemão ARTE servem-nos de reeducação. Porque mesmo nos quadros mais anódinos de santos ou de paisagens campestres surgem pormenores, que muito revelam sobre as preocupações do artista ou os valores da sociedade em que se integrava. E essas descobertas são passos firmes e decididos na nossa conquista do conhecimento. E é este o que melhor nos dota dos meios para nos entendermos e ao mundo à nossa volta...
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