As críticas ao filme até nem foram tão más quanto isso, mas confesso que este filme de Woody Allen é um dos mais fracos da sua filmografia. E, no entanto, quando se perspectivou uma convergência entre o realizador de «Os Dias da Rádio» e o criador de «Seinfeld» as expectativas não podiam ser mais elevadas. Daí que a frustração tenha surgido comparativamente grande para com um filme durante o qual ainda se consegue rir com desenvoltura.
É claro que Woody Allen sempre falou de si através dos seus filmes. E, agora, as obsessões viram-se para a velhice, para a impotência, para o medo de ser abandonado. Por isso mesmo é fácil transpor a história de Boris Yelnikoff e de Melody para a vida real do seu actor e concluir pela catarse dos seus receios. Mas nunca uma loura foi tão «loura» no cinema de Allen, fazendo Evan Rachel Wood o papel de lerdinha, que em tudo acredita. Até no amor assolapado por um homem com idade para ser seu avô. Ou quão exagerada resulta essa conversão de dois seres eivados dos preconceitos inabaláveis dos estados sulistas em nova-iorquinos todos virados para a frentex, quer se trate de ménages à trois ou a amores homossexuais.
Nesse sentido há quem assinale o efeito de final feliz com que o filme se conclui. Nesse sentido respira-se um optimismo jubilatório, que vai a contracorrente do que os tempos de hoje suscitam. E esse é porventura o aspecto mais frágil do filme de Allen: as perspectivas de futuro são tão cinzentas, que qualquer história em tons cor-de-rosa logo desmerece a respeito da sua credibilidade.
Ora é esse hoje um dos grandes problemas do nosso tempo!
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