A personalidade de Amelia Earhart até é bastante interessante pelo sua condição de pioneira nas grandes aventuras transatlânticas nos primórdios da aviação.
Por seu lado o tratamento dada à personagem de George Putnam enquanto marketeer eficiente na criação de condições financeiras para possibilitar a actividade aventureira da mulher também não deixa de ter o seu interesse por muito que Richard Gere continue a ser o mesmo insuportável canastrão.
No entanto, e apesar de todas as potencialidades de que dispunha, o filme de Mira Nair não se distingue da mediania dos biopics em que a vida de alguém é dramatizada em função das suas turbulências amorosas até se concluir num desenlace conhecido de antemão.
Ficam, assim, por serem respondidas algumas questões pertinentes: como é que uma campónia do Kansas consegue chegar à condição de aviadora? Até que ponto a sua sexualidade insatisfeita não escondia um lesbianismo nunca assumido (e que a própria androgenia de Hillary Swank poderia ajudar a situar)? E que contexto político e social levou Franklin Roosevelt à Casa Branca?
O aparecimento do casal Roosevelt ou do pai de Gore Vidal (com quem Amelia viverá uma aventura extra-conjugal) apenas vêm compor a paisagem sem assumirem a condição de personagens. Mira Nair, a esse respeito, só se preocupa em dar consistência à protagonista e ao seu companheiro - e mesmo este pouco nos esclarece sobre as razões para parecer dar tanto em troca de tão pouco!
O cinema já encontrou muitas maneiras de abordar mais imaginativamente a biografia de personalidades históricas. Mas a metodologia aqui ensaiada peca por pouco imaginativa, inconsistente…
Nesse sentido é o típico filme chiclete, de consumir e deitar fora….
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