Em 1867, Mark Twain é um dos passageiros de um paquete norte-americano fretado para uma viagem de lazer pelo Atlântico e pelo Mediterrâneo. O jovem escritor, ainda está a criar reputação como jornalista, mas já possui o fino humor, que tanto caracteriza a sua obra e demonstra-o em episódios relacionados com as suas vivências. Dos Açores ele diz o pior possível: os portugueses são definidos como sujos, ignorantes e dados à mendicidade.
Em Tânger sobressai o carácter trapaceiro dos seus vendedores, como fica demonstrado no episódio em que Twain é levado a comprar umas luvas de pelica. E, agora que o lento ritmo de leitura me faz acompanhá-lo por terras de França, também essa ironia mordaz está sempre presente: apesar da limpeza e do ordenamento da paisagem, Twain não escapa a situações desagradáveis: um corte de cabelo muito diferente do que idealmente perspectivara, uma mesa de bilhar irregular, um quarto de hotel sem iluminação a gás e, sobretudo, um guia glutão mais decidido a levar os seus clientes a lojas aonde possam ser depenados do que aos sítios, que verdadeiramente lhes interessam (o Louvre ou a Exposição Universal de Paris, por exemplo).
De facto estamos perante uma viagem dos inocentes em que o que se colhe está muito aquém do que se preveria colher.
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