Em 1955 o macartismo ainda constituía uma ameaça real a muitos dos actores, argumentistas e realizadores de Hollywood, que viam amigos ostracizados pelos estúdios onde outrora tinham desenvolvido o seu trabalho.
Embora não directamente associados às actividades proscritas pelo execrável senador do Wisconsin, Bogart e March eram dos mais activos actores a promoverem manifestações e outras formas de luta contra tal caça às bruxas.
Vê-los neste filme de William Wyler faz mais sentido por ele coincidir com a fase final desse evento do que pelo filme em si, caracterizado pelos habituais estereótipos maniqueístas da indústria cinematográfica norte-americana.
Bogart é um vilão ruim como as cobras, personificando um foragido de uma prisão, movido pelo desejo de se vingar do polícia que o apanhara. Por seu lado March é o pacato cidadão, que vê o quotidiano da sua família ameaçado por essa ameaça entrada portas adentro da sua casa.
O sequestro da família, as vicissitudes por que passam os personagens com algumas reviravoltas quanto a quem vai estando a controlar os acontecimentos, prolonga-se por quase duas horas ao fim das quais os maus morrem e os bons saem recompensados.
O filme vale, pois, pelo que lhe está associado colateralmente do que pela história banal em si mesma...
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