Foi Colombo quem, na sua terceira viagem ao continente americano, descobriu o Rio Orenoco, ali encontrando índios adornados com jóias, que logo fizeram nascer a lenda do riquíssimo El Dorado.
Quem lhe seguiu as pisadas em busca de tal quimera não se coibiu de massacrar as tribos indígenas com que se deparou no seu percurso para montante. O rio foi, pois, a via mais fácil para a conquista de territórios desconhecidos de extraordinária biodiversidade. E por abundar tanta água, o país aí tornado independente pela acção de Simão Bolívar chamar-se-ia Venezuela, ou seja «pequena Veneza».
Embora se desloquem agora em pirogas movidas a motor ou usem relógios de pulso os índios remanescentes continuam a prezar os seus rituais: se têm de atravessar o rio pedem a protecção dos seus espíritos através do som das suas flautas. Ou, se cortam uma árvore na floresta, pedem previamente desculpa aos espíritos por lhe amputarem uma das suas servas.
Porque é rio caudaloso a serpentear entre florestas quase intransponíveis, o Orenoco suscitou a atracção de toda a casta de aventureiros até por sobre ele terem fantasiado Júlio Verne ou Arthur Conan Doyle.
Que a presença humana se assinala aí desde há milhares de anos, confirmam-no os misteriosos hieróglifos descobertos na fronteira com a Colômbia e que só contribuem para aumentar o leque de lendas aqui localizadas...
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