sábado, agosto 21, 2010

Filme: CONFIDÊNCIAS DEMASIADO ÍNTIMAS de Patrice Leconte

A ideia de base é bastante interessante: Anna (Sandrine Bonnaire) engana-se na porta de um prédio aonde se dirige pela primeira vez e, em vez de confessar os seus problemas pessoais ao psicanalista, que julga ter à sua frente, fá-lo a um atónito conselheiro fiscal (Fabrice Lucchini), que nada faz para desfazer o equívoco. Pelo contrário: Faber é um homem com os seus próprios problemas, porquanto a mulher deixou-o há seis meses e invade os seus dias e espaços com o seu novo companheiro - um musculado professor de ginástica - confrontando-o com um carácter abúlico de quem sempre viveu no apartamento aonde nasceu e aonde sucedeu ao pai no seu mediano negócio. Um negócio, que afinal de contas até tem semelhanças com a psicanálise como o refere o Dr. Monnet: os clientes de um e de outro têm muito a evidenciar, mas também muito a esconder.
A ideia de partida é, pois, excelente e conta com dois excelentes actores para a desenvolver. Porém é aí que o filme começa a claudicar e a entediar: os argumentistas não encontraram soluções à medida do potencial prometido nesse surpreendente início. E, quando o marido de Anna entra em cena a história perde fulgor e arrasta-se até um happy end final, que sabe a pouco.
Leconte que, em 1999, encabeçou um movimento contestatário sobre a crítica francesa em prol de um suposto cinema popular de qualidade, acaba por fazer jus às reservas merecidas pelo filme, que é o paradigma do princípio em como não basta ter boas ideias: é preciso sabê-las levar por diante…

Sem comentários: