As críticas foram excelentes, quando «Transamerica» se estreou nos cinemas nacionais. Mas o tema não era, à partida, muito aliciante: os problemas de relacionamento de um pai com um filho ainda adolescente ao conhecerem-se em vésperas de mudança de sexo daquele.
À partida aparentaria um daqueles temas típicos de John Waters em que o grotesco constitui a via mais fácil para surpreender um público ávido de algo de novo.
Mas, cinco anos depois, confesso aqui o meu engano: «Transamérica» é um filme extremamente interessante em que a questão da identidade e da auto-estima estão em permanente equação. Mal amadas por natureza, as personagens do filme procuram, cada uma à sua maneira, a via mais expedita, senão para a felicidade, pelo menos para uma forma aceitável de integração. E Felicity Huffman tem o papel da sua vida nesse equilíbrio precário entre a personagem de homem, que já não é, e o da mulher que pretende vir a ser.
E, na sua ambiguidade, não se pode dizer que o filme acabe num final feliz: há sim uma forma de equilíbrio em que Bree ainda se assume em construção para a professora, que deseja vir a ser, e Toby luta por vencer no peculiar mundo da pornografia gay.
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