Quando parte para a sua última expedição, Percy Fawcett já tem 58 anos. Acompanham-no o filho, Jack, e um amigo deste, Raleigh, dois jovens entusiasmados com a aura de grandeza que a prevista descoberta de Z lhes garantiria e com uma energia, que compensaria a debilidade progressiva do lendário explorador.
Mas os anos mais recentes de Fawcett não tinham sido fáceis, sobretudo os subsequentes aos da sua participação na Primeira Guerra Mundial. As suas expedições tinham cada vez menos meios e acabaram invariavelmente em fracassos, que alimentavam os argumentos dos seus detractores na Royal Geographical Society. Que não deixavam de ver na sua aproximação aos espíritas a comprovação de um estado obsessivo a roçar a loucura.
E a própria família ia padecendo do desconforto material dessa focalização em tão improvável objectivo. Nina e os filhos iam mudando da Jamaica para Los Angeles e daí novamente para Inglaterra antes de se irem fixar na ilha da Madeira.
Vale a Fawcett um jornalista de reputação ambígua, mas que soube explorar convenientemente o interesse dos norte-americanos pelas cidades perdidas da Amazónia na sequência da descoberta de Machu Picchu por Hiram Bingham em 1911.
Um El Dorado escondido na Amazónia constituía uma possibilidade a que os potenciais investidores não enjeitavam dar apoio sob a promessa das muitas crónicas jornalísticas por essa nova expedição.
Estava iminente a criação da lenda de Fawcett: mais do que as suas proezas anteriores, será o seu intrigante desaparecimento na selva, que concitará a curiosidade dos seus contemporâneos. E o sucesso de livros como o de David Grann, que se propôs, enquanto projecto, encontrar explicações para o sucedido.
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