domingo, setembro 04, 2011

Filme: ENTRE IRMÃOS/ BROTHERS de Jim Sheridan


Estamos em 2007 numa região rural dos EUA. Tommy é liberto da prisão, aonde esteve a cumprir a condenação pelo assalto a um banco, quando Sam, seu irmão, está prestes a partir para uma nova uma missão militar no Afeganistão.
Grace, a mulher deste, com quem se relacionou desde que ambos andavam no liceu e ela chefiava a claque da equipa de futebol, tinha uma enorme antipatia por aquela ovelha ronhosa da família. No entanto, quando lhe aparecem dois militares à portas a anunciar-lhe a condição de viúva, é nesse cunhado que ela irá encontrar o maior apoio nas semanas seguintes. Como sucede, igualmente, com as duas filhas, que têm no tio o companheiro ideal de brincadeiras.
Pelo meio surge o pai de Sam e de Tommy, antigo militar com experiência do Vietname e que tem tanta simpatia pelo primeiro como assumida rejeição pelo segundo.
Se o espectador não fosse dotado do conhecimento, que aos outros personagens é omitido, sobre o realmente sucedido com Sam, o filme poderia orientar-se facilmente para o melodrama em que uma viúva reaferisse os seus afectos, mesmo com a oposição familiar num ambiente asfixiante a nível de valores e de costumes. Mas Sam está vivo e é mantido preso com outro soldado norte-americano sob a alçada dos impiedosos talibãs. E, além de outras torturas dolorosas, todo o seu esquema mental resvala para a loucura, quando é obrigado a matar o subordinado a mando dos seus carcereiros.
Liberto do seu cativeiro, Sam regressa a casa, mas é um homem diferente, como Grace e as filhas não tardam a compreender. E Tommy surge como o pólo de maior distanciamento entre ele e a família, já que adivinha a empatia surgida entre a mulher e o irmão e a clara preferência das filhas pelo tio.
Para escapar aos seus demónios anteriores, ele bem pede para voltar às montanhas asiáticas, mas o Exército está consciente do carácter explosivo daquela mente perturbada e recusa-lhe essa possibilidade.
No dia em que a filha mais velha decide puni-lo pela sua atitude para com ela, mentindo sobre a relação entre a mãe e o tio, Sam tem uma explosão violenta partindo toda a cozinha, que Tommy remodelara com uns amigos e dispondo-se a matar quem lhe surgisse à frente. Acaba por ser manietado pela polícia e internado num hospital psiquiátrico, mas o fim do filme conclui-se sem se poder adivinhar se ele terá ou não alguma possibilidade de recuperação.
O filme enquadra-se, assim, na abordagem algo cautelosa que o cinema norte-americano tem efectuado às opções belicistas de George W. Bush.
Experiências anteriores, mais críticas para com essas opções, acabaram penalizadas pelo público, que as votou a flops comerciais. Por isso há muita ambiguidade neste filme em que os talibãs são ruins como as cobras e o militarismo não é propriamente beliscado. Pelo contrário, uma visão algo primária da história aponta os fundamentalistas islâmicos como responsáveis pela transformação mental de Sam em vez de se equacionarem as políticas norte-americanas como estando na origem deste tipo de consequências.
O filme acaba por ter interesse, fundamentalmente, pela qualidade das interpretações de todos os principais actores, incluindo as miúdas, que fazem de filhas do militar. Mas nada que no-lo faça recordar daqui a umas semanas...

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