Há duzentos e cinquenta anos os escravos malgaxes do navio negreiro Meermin revoltaram-se, apossando-se do seu comando. Hoje há investigadores à procura dos seus destroços numa das muitas praias do Cabo das Agulhas.
Essa carga deveria chegar à Cidade do Cabo, entreposto comercial fundado quatro anos antes pela VOC, companhia que tinha direito de vida ou de morte sobre todos quantos aí viviam.
Nesse ano de 1766, Capetown já é uma colónia importante, quando o Meermin, comandado pelo inexperiente Gerrit Muller inicia a sua viagem com centena e meia de escravos não só declarados no manifesto da companhia, mas também com uns quantos mais, que quer ele, quer o responsável pela carga contam vender separadamente ao chegarem ao seu destino.
O que irá precipitar o inesperado desenlace será a luta pela autoridade entre esse Muller e esse Klaus.
Senão esses escravos seriam uma gota de água nos doze milhões, que transitaram no século XVIII entre esses entrepostos negreiros e as herdades e quintas aonde seriam obrigados a trabalhar até à morte.
O motim de Fevereiro de 1766 será liderado por um chefe tribal, Massavana, que caíra numa emboscada organizada por um rei rival, que o venderia aos holandeses. Ele aproveita a oportunidade dada de, face à epidemia de tifo e disenteria a bordo, Muller libertar os escravos das suas grilhetas e deixá-los movimentarem-se livremente a bordo.
Quando a relação de forças se inflecte, Klaus é morto de imediato conjuntamente com outros trinta tripulantes. Os sobreviventes, entre os quais o comandante, refugiam-se na popa, na espingardaria.
Os acontecimentos jogam em desfavor dos amotinados, quando, incapaz de direccionar o navio de volta a Madagáscar, Massavana acede a que o adjunto de Klaus, Olof Leij, se encarregue da navegação. O que ele faz levando o Meermin até ao sul do continente.
Aí os primeiros escravos, que vão a terra numa lancha, são massacrados ou aprisionados pelos colonos. Que organizam uma expedição punitiva, que toma de assalto o navio.
No julgamento que se segue muitos dos sediciosos são condenados à morte, Muller e Leij são despromovidos, reenviados para a Holanda e proibidos de voltarem a trabalhar com a VOC e Massavana irá morrer três anos depois na ilha de Robben…
Mas, por uns dias, ele acreditara na possibilidade de recuperar a liberdade perdida...
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