Pode ser uma antevisão do que será o nosso país depois do delírio liberalizador de Passos Coelho: vivia-se bem na região argentina de Mosconi, aonde a industria petrolífera e mineira têm relevância económica.
Graças à aplicação dos princípios do Estado-Providência a escola e a saúde eram gratuitas e o pleno emprego uma realidade.
Depois das privatizações dos anos 90 do século passado, o desemprego massificou-se e o ambiente sofreu danos gravosos para a saúde das pessoas. Fecharam escolas e hospitais e as novas doenças, até então desconhecidas, resultam de picadelas de mosquitos, que surgiram quando a desflorestação desertificou a paisagem.
São accionistas estrangeiros quem explora essas riquezas sem pagarem quaisquer impostos, quer para a região, quer para o próprio país. Trata-se de uma autêntica extorsão das riquezas nacionais por parte de multinacionais estrangeiras, suportadas por políticos corruptos e ideologicamente rendidos a modelos desastrosos.
A realizadora acompanha os militantes da UTD, organização de desempregados, nascida em 1996, que tenta inflectir o curso dos acontecimentos. E empresta-lhes a máquina de filmar para que sejam eles a captar os testemunhos da sua luta.
Que ora se orienta para bloqueios de estradas e confrontos com a polícia de choque, ora para a construção de residências comunitárias ou para a criação de empresas colectivas.
Resolver o emprego para tantas pessoas quanto possível, eis o propósito de uma organização, que não baixa os braços e encontra formas criativas de resistir. Mesmo sem qualquer apoio do Governo: pelo contrário juízes, polícias, grande patronato, todos se conjugam para reprimir este movimento que, na origem, só exigia trabalho para todos…
Temos, pois, aqui um exemplo de uma luta que vale a pena conhecer até pelo exemplo de coragem dos líderes da UTD, alvos sistemáticos de tentativas de atentados.
É que, como lembrava Mao, a revolução não é nenhum convite para jantar. E quem vai à guerra, dá e leva!
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