A literatura está bastante enriquecida com romances, novelas e contos sobre amores frustrados. A fórmula A ama B, que está em vias de se apaixonar por C é um bom esquema para explicar esta história curta de Aldous Huxley.
Neste caso A é Minnie, uma rapariga quase trintona, pouco atraente (com o cabelo baço, as maçãs do rosto muito vermelhas e corpulenta) e a viver as carências hormonais com tal evidência, que é a própria amiga Helen Glamber a sugerir-lhe sexo puro e duro com o namorado. Até porque esta última terá descoberto que as fêmeas dos furões morrem se não fornicam de vez em quando.
Só que o namorado, o B desta história, é Hubert, um rapaz acabado de sair da adolescência, bastante mais novo do que ela e em vias de descobrir a inconstância dos afectos. Até porque lhe aparece no horizonte a ruiva Phoebe por quem se passa a interessar com outro entusiasmo.
E é precisamente no encontro em que está disposta a oferecer-lhe a virgindade, que Minnie desperta para a súbita falta de interesse de Hubert: e então foi o silêncio apocalíptico, o silêncio sem um único som tomou o lugar do outro silêncio que era um som ininterrupto. Abismos sem fim abriram-se em volta dela; estava só. Através do vácuo sem ruídos, uma abelha retardatária arrastou o seu fraco zumbido; os pardais chilrearam; e através das águas chegou o som de vozes e risos longínquos. Como se tivesse despertado de um sonho, Minnie pôs-se a olhar e a escutar amedrontada, voltando a cabeça de um lado para o outro.
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