segunda-feira, maio 30, 2011

Filme: HORSE FEATHERS de Norman McLeod

Tenho a sensação de que, depois de glorificado por sucessivas gerações de cinéfilos, a adoração de Groucho Marx esteja em vias de fenecer. Fruto porventura de uma evolução de valores e de costumes, que tornam inócuas as irreverências exploradas nestes filmes, doravante apenas interessantes enquanto documentos históricos sobre modelos de pensamento e de comportamento na primeira metade do século XX. Ou então, sou eu que nos meus cinquentas bem medidos, já não encontro assim tanto merecimento nessa admiração confessada por milhentos discípulos.
Marx por Marx continuo, afinal a preferir o filósofo alemão, que conceptualizou um outro tipo de sociedade e de sistema económico.
O que têm os filmes dos Marx nos anos 30 (este é de 1932) são alguns gags com alguma piada, inseridos em argumentos paupérrimos, feitos manifestamente às três pancadas. Neste filme, Groucho torna-se reitor do Huxley College sob o lema de que «esta universidade anda a negligenciar o futebol por causa da educação!»
Por isso mesmo a sua tarefa principal irá ser a da vitória contra uma universidade rival, a de Darwin, contando para tal com a ajuda de dois troca-tintas: Barivelli (Chico) e Pinky (Harpo).
Para além dos números musicais do costume surge um mafioso a querer a vitória de Darwin a todo o custo por ter interesses nas apostas sobre tal jogo, contando com a colaboração da voluptuosa viúva Conney Bailey, incumbida de descobrir o esquema de jogo de Huxley.
É claro que Huxley acaba por ganhar e a referida viúva não casa com um, nem com dois, mas sim com os três Marx em causa.
Momentos efectivamente engraçados do filme ocorrem, quando Groucho emite o seu discurso de tomada de posse em que alega estar a pensar ao mesmo tempo em anedotas tais, que até se sente ali a corar. Ou quando está a cortejar Conney Bailey e a sala passa a estar tão concorrida, que ele conclui: «Aqui o que dava era bifanas!»
Pode-se alegar o surrealismo de algumas cenas, cuja lógica escapa ao mais distraído dos espectadores ( a cena em que Harpo ganha uma série de moedas numa máquina caça níqueis usando um botão do seu fato, deixando estupefacto o jogador, que aí ia enfiando moedas), mas a credibilidade da história sai comprometida.
Ou a habitual contestação à autoridade, quando Harpo consegue prender na gaiola dos cães o polícia, que o queria prender quando ele estava a provocar um engarrafamento com a sua camioneta de apanhador de caninos abandonados.
Poucos argumentos para justificarem o interesse de tais filmes...


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