Neste documentário de 2010 o que está em causa é o escrutínio das razões, que terão levado os vikings a trocarem a sua riquíssima mitologia povoada por deuses tão singulares como o eram Odin, Thor ou Freyda, pela sonsice cristã.
O primeiro responsável terá sido Olaf Tryggvesson, que pressentiu a importância de relacionar o poder real com a vontade divina, buscando legitimidade acrescida por essa via. E assim se consolidou enquanto rei norueguês em 995.
Mas também houve a componente comercial: é que, para além das pilhagens de toda a Europa, começando nas ilhas britânicas e nos reinos francos e germânicos e terminando em Constantinopla, sem esquecer a Península Ibérica, os vikings dedicavam-se intensamente ao comércio. E foi do convívio com os mercadores cristãos, que se incrustou neles essa nova forma de encarar a transcendência.
Mas não devemos ignorar o facto de a História reter destes povos esse seu lado mais guerreiro, aquele que suscitou tão justificados receios nas populações europeias da época milenar. Até porque essa regularidade com que saíam todos os Verões para atacar e espoliar os aldeãos continentais ou britânicos perdurou por três séculos...
Num filme com belíssima fotografia, a utilizar as melhores facetas da Escandinávia, enaltece-se a destreza e velocidade dos drakkars com que eles sulcavam os mares, a sua crueldade para com os vencidos (frequentemente sacrificados em rituais sanguinários), mas também o seu carácter bon vivant e as preocupações com a sua higiene.
Wagner criou o seu célebre ciclo do Anel dos Nibelungos em função dos antigos deuses do panteão nórdico. E não deixou de suscitar uma certa nostalgia em torno do tempo anterior ao crepúsculo desses mesmos deuses… Como se essa normalização suscitada pelo cristianismo tivesse espoliado os vikings do seu lado mais romântico...
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