sábado, março 12, 2011

Livro: MARK TWAIN, «A VIAGEM DOS INOCENTES» (12)


No livro de Mark Twain sobre a sua viagem marítima de 1867 até ao Mediterrâneo Oriental, chegamos por fim às derradeiras cento e cinquenta páginas. Aquelas em que os viajantes chegam ao objectivo primordial do seu périplo: a Terra Santa e, muito particularmente, o sítio aonde Jesus Cristo terá nascido.
Muito embora Twain nunca chegue a roçar a iconoclastia, as suas palavras sobre tais locais, objecto de veneração dos cristãos, manifestam um evidente cepticismo: o mundo deve a sua boa vontade aos católicos, e mesmo à alegre aldrabice destas grutas fingidas no meio das rochas, porque é muito mais agradável contemplar uma gruta onde há séculos se crê que a Virgem viveu, do que ter de imaginar-lhe uma casa seja onde for, em parte nenhuma ou onde calhar por esta cidade de Nazaré. É uma extensão demasiado ampla, e a imaginação assim não trabalha! (pág, 548)
Há de facto uma enorme distância entre o que eram os locais ermos aonde supostamente terão ocorrido episódios místicos e o que deles fizeram a idolatria dos crentes. Daí que Fátima, Lourdes ou Santiago de Compostela serão muito mais supermercados da fé do que sítios aonde essa mística possa ser sequer pressentida na sua autenticidade inicial...

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