Se calhar não somos obrigados a salvar o mundo em todas as nossas horas disponíveis. De vez em quando poderemos dar-nos ao luxo de fazermos algo de frívolo, entretendo-nos durante hora e meia num filme, que nada tem de relevante a não ser uma história sem grande sentido, com actores que vão fazendo os possíveis por a tornarem credível e paisagens do sul da França, que são sempre interessantes de serem vistas, seja neste formato, seja num qualquer documentário de promoção turística.
Neste «Assalto ao Paraíso», título português do «Le Siffleur» francês, temos um actor respeitável como François Borléand a ganhar aquilo com que se compram os melões, a vestir o personagem de Armand, um banana na expressão da sua entediada amante, e que se decide a tomar a pele do seu imaginário gémeo, Maurice, tão oposto quanto possível à sua inata cobardia.
Mete-se para tal com a máfia local, que está inevitavelmente ligada à promoção imobiliária, e consegue salvar o único local aonde consegue ser feliz em cada dia: a sua mesa na esplanada aonde costuma almoçar.
Conta para tal com a estupidez dos guarda-costas do mafioso de serviço e com a competência da magistratura local, que já anda de olho nos seus inimigos e os pretende ver desmascarados numa armadilha policial.
Nada pois de especial, mas que também não faz mal como se tivéssemos tomado o inevitável melhoral.
Passado o momento de descontracção já podemos voltar a pensar em tsunamis no Japão, em revoltas no Norte de África ou na ingenuidade da geração parva, que ainda não entendeu em qual do lado da luta de classes é que deverá lutar. Podemos, enfim, voltar a tentar mudar o mundo...
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