Onde, em «Caim», deus prova a sua essência maligna é quando promete a Abraão que poupará sodoma e gomorra se nela existirem dez inocentes e depois as destrói pelo fogo sem atender ao facto de as crianças o serem sem qualquer dúvida. Ou quando manda Moisés matar três mil homens numa noite só porque, impacientes pela sua morosa estadia de quarenta dias e quarenta noites na montanha, se tinham posto a adorar um bezerro de oiro.
Ou, enfim, quando torna a guerra num negócio bastante rentável ao incumbir Moisés de fazer guerra a uma tribo rival. Os despojos em animais, em objectos e em escravas são pecúlio, que esse deus malvado não deixa de exigir em parcela leonina.
Diz Saramago no fim de um dos capítulos do seu romance que esse deus era tão lesto em aparecer a Adão no início da criação do mundo e tão avesso a dar-se a conhecer nestes tempos históricos mais próximos. Será pela vergonha de tudo quanto terá sido entretanto responsável?
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