E assim se chega ao fim do livro de Saramago com o revoltado Caim armado em serial killer a despachar todos os companheiros humanos de Noé na mítica Arca destinada por deus a reiniciar a humanidade depois de tão lamentáveis provas por aquela dada até aí.
Será a próxima humanidade melhor do que anterior?, pergunta Caim com justeza. Porque o que está verdadeiramente em causa é esse criador caprichoso capaz de fazer os justos pagar pelos pecadores e sujeitando mesmo os seus mais fidelíssimos crentes, como Job, a tormentas indizíveis.
Incapaz de pôr termo a tão odiosa personalidade, resta a Caim anulá-lo pela eliminação da sua obra. O que equivale a uma outra forma de aniquilação de uma entidade suficientemente imerecedora para se reduzir à sua insignificância.
Extremamente bem escrito, o mais recente romance de Saramago não é dos que dele prefiro, mas é decerto um título maior de uma já de si superlativa obra literária.
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