Que sentido fará ver um filme como «O Dia em que o Mundo Acabou» de James Goldstone, quase trinta anos depois de ter sido realizado com a colaboração de alguns intérpretes famosos na época? Além de Paul Newman e de Jacqueline Bisset, surgem os inevitáveis secundários de então (Ernest Borgnine, Burgess Meredith) ou actores mais ou menos conhecidos de séries televisivas (James Franciscus, Verónica Hamel, Red Buttons) todos conjugados naquilo que costumava ser uma das principais características dos filmes catástrofe: a participação de actores e actrizes muito conhecidos, capazes de arrastarem multidões e dispostos a traduzirem um conjunto de estereótipos mais ou menos comuns aos vários títulos do género: há o herói cínico mas de coração piegas capaz de se inflamar pela bela de serviço; acrescenta-se-lhe o ganancioso imprevidente por quem a tragédia acaba por se precipitar; e depois, nos mais secundários, há a proxeneta de bom coração, a mulher enganada até ao último momento, os pais das criancinhas que ficarão órfãs, o velho casal prestes a partilhar a sua derradeira viagem, o falsário arrependido e o policia bronco, etc, etc., muitos eteceteras.
A estrutura do enredo também é a mais comum: um início prazenteiro com paisagens de excepção e toda a gente feliz da vida. Depois, os primeiros sinais de alarme, levados a sério por uma minoria e desprezados por todos os outros. O perigoso trajecto para a salvação com muitas vítimas pelo meio e algumas vicissitudes concebidas para levar o espectador ao paroxismo da emoção. E o happy end final com o retorno à tranquilidade do início do filme.
Passados todos estes anos o filme de Goldstone serve para rever Paul Newman e lembrarmo-nos da sua participação nuns quantos «barretes» e lembrar como as plateias de há trinta anos ainda se deixavam sugestionar por histórias inverosímeis, mesmo que ilustradas pelo que de melhor se conseguia então a nível de efeitos especiais...
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