Numa daquelas revistas publicitárias, que os jornais costumam trazer como brinde e que, amiúde, vão directamente para o lixo, sem sequer serem folheadas, encontro dois artigos de um tal Pedro Mota, que merecem aqui referência.
Num deles fala-se da Índia e recorda-se como a cosmogonia hindu - segundo a qual todo o universo terá resultado da oscilação produzida por um pau empunhado pelo deus Brama na calma superfície de um oceano de leite - tem estranhas similitudes com a teoria do Big Bang, para se contar depois uma lenda assaz interessante quanto à cultura desse verdadeiro subcontinente. Conta-se que a um reino mogul, aonde reinava a paz e a prosperidade, chegou uma vez um afluxo de refugiados vindos do mar a fugirem de um genocídio nas terras persas donde provinham.
Pedindo para serem aceites naquele reino, viram o seu comandante receber do rajá uma mensagem óbvia: um copo cheio de leite a transbordar. O significado era que aquela terra já estava demasiado povoada não podendo receber mais ninguém.
Da mesma forma simbólica foi a resposta desse comandante: pôs açúcar no leite e deixou-o dissolver-se.
Quando o rajá recebeu aquele copo de leite adoçado percebeu a mensagem e franqueou a entrada aos recém-chegados: é que eles prometiam dissolver-se na população do reino e torná-la mais doce…
No outro artigo merecedor de referência o autor recorda como à censura política, pura e dura, das ditaduras, está a suceder agora uma verdadeira censura económica sobre a comunicação social: centralizada em grandes grupos da comunicação, os media têm de expressar o que for do interesse dos seus proprietários.
Qualquer jornalista, que atravesse a fronteira do aceitável segundo esses padrões acabará obviamente despedido.
O resultado é uma manipulação sistemática da opinião pública, que se deixa condicionar por conceitos e teorias em última análise prejudiciais aos seus interesses.
E, com particular sentido de oportunidade - tendo em conta a queda do Governo Prodi e a ameaça do regresso do tenebroso Berlusconi - diz ele: «Veja-se o caso da Itália, em que um país moderno e desenvolvido caiu na malha mais grosseira da manipulação de massas, fruto da campanha bem orquestrada de um grande grupo detentor de inúmros agentes de comunicação social. Conseguindo catapultar para os píncaros do poder alguém de quem mal de conheciam as ideias, fruto de um fenómeno de marketing populista sem precedentes.»
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