terça-feira, janeiro 01, 2008

O NIILISMO DOS PUNK E DOS PÓS-PUNK

Cheguei à condição de cinquentenário, e por isso mesmo teria tido todas as condições para viver na plenitude o fenómeno punk, e até mesmo o pós-punk.
No entanto, a sua estética muito própria, nunca me conseguiu seduzir. Se nas palavras de um dos proprietários da Factory, Tony Wilson, a expressão, que definiria os punks seria o «vai-te foder!», nunca considerei ser essa a melhor forma de tratar os que de mim discordam. Assim como nunca me considerei «fodido» se essa, no dizer do mesmo especialista, era a expressão definidora de um sentimento pós-punk.
Quer uma, quer outra expressão conotam esses movimentos com uma forma de niilismo, que a nada conduz.
Quando vejo filmes ou leio sobre quem personificou esses movimentos é fácil concluir que, na maioria, todos levaram as suas vidas a becos sem saída ou, a havê-la, a assumir a forma de suicício.
Ian Curtis, o líder dos Joy Division, escolheu de facto essa saída, aos 23 anos, quando uma iminente tournée pelos EUA, parecia ser o ponto de viragem de uma já improvável carreira musical, e o definitivo adeus à sua detestada Macclesfield.
De acordo com Anton Corbijn, que realizou o biopic «Control» ele estaria sobrecarregado com a possibilidade de pôr em causa o futuro da banda, com os seus frequentes ataques de epilepsia em pleno palco. Daí tomar tantas drogas, que lhe facilitariam a decisão de, de tudo, desistir. Seria essa a forma de se libertar das suas intermináveis depressões ou de não se conseguir decidir entre a mulher, que personificava todo o subúrbio de Manchester donde provinha e a amante belga, que lhe prometia abrir portas, que ele desconfiava ser capaz de franquear...

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