domingo, janeiro 27, 2008

Uma jogadora de xadrez

Bertina Henrichs é uma escritora e realizadora alemã, há muitos anos a viver em França, que aí publicou um livro deveras interessante: «A Jogadora de Xadrez».
Em 150 páginas temos a história de uma mulher, Eleni, que aos 42 anos descobre uma imensa paixão pelo xadrez quando, no seu ofício de criada de quartos do Hotel Dyonisos, deixa cair uma peça ao chão de um jogo interrompido a meio por turistas franceses e desconhece aonde a deverá posicionar no tabuleiro.
A história passa-se em Naxos, uma das mais remotas ilhas das Cíclades gregas, num ambiente muito conservador, de que Eleni jamais descobrira os limites à sua afirmação pessoal: nessas quatro décadas de vida ela acostumara-se a uma rotina de dona de casa e de empregada de hotel a contas com os mesmos vinte quartos de sempre, as quarenta camas, os oitenta lençóis …
Será o velho Professor Kouros quem se apresta a ensinar-lhe a ciência desse jogo, que a vai obcecar a tal ponto, que põe em risco o seu casamento com o marido, Panis, um garagista, às tantas a preferir ver-se alvo de infidelidade dela do que dos efeitos daquela quase demência.
A localização da história na Grécia não se explica, apenas pela adesão da autora a esse país Mediterrânico comum a muitos outros autores alemães : é inevitável pensar na tendência dos deuses do Olimpo para se divertirem às custas dos seus súbditos terrenos!
Eleni irá libertar-se e, ao mesmo tempo, transformar o pequeno mundo concentracionário, que a rodeia. No seu paulatino esforço há algo de subversivo!
E, mesmo nas piores alturas, quando se confronta com a desaprovação generalizada dos que a rodeiam, Eleni não desiste por saber que a rainha, única peça feminina no tabuleiro, é a que no jogo tem todos os poderes…
É que nas 64 peças desse tabuleiro cabe todo o mundo e todas as suas intrigas…

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