sábado, fevereiro 02, 2008

EVOCAR O HEROÍSMO DE MANUEL BUIÇA E ALFREDO COSTA

No dia 1 de Fevereiro os trogloditas saíram das suas cavernas e vieram encher de encómios a memória do rei, que os heróicos carbonários mataram fez agora cem anos.
Durante um dia os defensores da ideia de uma qualquer majestade iluminada, a quem os seus súbditos se têm de submeter durante toda a vida sem o poder correr a pontapé mediante a legitimidade democrática, encontraram veículos mediáticos de expressão desse absurdo, como se essa fosse uma ideia minimamente aceitável.
O que Buíça e Costa fizeram há cem anos foi um martírio em prol de um país mais justo. A aristocracia é o resíduo mal cheiroso de uma sociedade antidemocrática em que uns têm «sangue azul» e todos os direitos e os outros são convidados a entusiasmarem-se com as suas cenas de alcova ou de mera apologia nas revistas cor-de-rosa.
Depois, surgiu o inefável Rui Ramos: quando já nos julgávamos livres de um determinado tipo de abordagem da História por morte (eles é que ainda não deram por isso!) das múmias paralíticas oriundas do Estado Novo (Veríssimo Serrão e José Hermano Saraiva), eis que eles ressuscitam através da versão desse pseudo-historiador com assento permanente em jornais e televisões.
Autor de uma biografia hagiográfica do inspirador da ditadura cripto-fascista de João Franco (ademais apresentada como exemplo de «modernidade») esse paladino da direita ideológica teve quase tanta notoriedade neste dia quanto a do bem enterrado morto do dia.
Para um republicano, laico e socialista, este foi um dia de evocação da memória heróica dos revolucionários de há cem anos…

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