terça-feira, setembro 11, 2007

Uma manipulação que enoja

Porque hoje é 11 de Setembro as televisões apresentam muitos documentários de origem norte-americana quase todos seguindo a mesma tónica: a da vitimização de que morreu nesse dia, a do heroísmo dos bombeiros novaiorquinos ou dos passageiros do avião tombado na Pensilvânia e a da diabolização dos inimigos terroristas.
A mentalidade maniqueísta dos filhos do tio Sam pode aceitar passivamente essa abordagem, mas para quem racionaliza o que vê procurando entender outras linhas de força possíveis de se detectarem na sua génese, esse tipo de discurso enoja. Porque serão mais importantes as vidas desfeitas das três mil vítimas do atentado às Torres Gémeas do que as de igual número de jovens soldados, que a estupidez de George W. Bush fez morrer no Iraque?
Serão essas oito mil vidas do que as dezenas de milhar de vítimas da invasão e da ocupação do Iraque pelas tropas comandadas pelo Pentágono?
Acaba por ser um ultraje a ostentação desse discurso de vítimas, quando ele apenas disfarça a manipulação legitimadora da acção política de uma Administração, que mereceria acompanhar os Karadzics e os Mladics dos Balcãs no julgamento por crimes de guerra no Tribunal Internacional.
O que se passou no dia 11 de Setembro de 2001 em Manhattan tem a sua génese muito atrás, quando a vitória da Guerra Fria justificava tudo, até apoiar com dinheiro e armas os militantes islâmicos, apostados em expulsar os militares soviéticos do Afeganistão.
Nenhuma agência estatal norte-americana consegue negar a ligação de Osama Bin Laden à CIA, nem o apoio político e militar aos regimes sauditas e paquistanês, responsáveis pelo financiamento da Al Qaeda e de milhentas madrassas aonde se vão preparando os fanáticos amanhã responsáveis por mais mediáticos atentados terroristas.
Embora abundem muitas teorias da conspiração em relação aos atentados de 11 de Setembro, a pergunta sacramental de Hercule Poirot às suas conhecidas célulazinhas cinzentas não deixa de suscitar algumas perplexidades. Porque entre os negócios da Halliburton e de toda a indústria militar norte-americana - responsável por tantos milhares de empregos em diversos Estados da União - passando pelas agências de recrutamento de mercenários, há muita gente a esfregar as mãos de contente por a Casa Branca ter embarcado tão lesta na história das armas de destruição maciça ou nas ligações de Saddam Hussein com o terrorismo.
A 11 de Setembro não seria mal pensado ver o outro lado da História: o que vitimou tanta gente anónima em função dos interesses particulares da clique da Casa Branca...

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