sábado, setembro 29, 2007

Jaime Rocha: «A Mulher que Aprendeu a Chorar»

Terá a mulher sem um braço apertado mesmo o gatilho e assassinado Carlos? Ou tratar-se-á de um processo de cura psicanalítico em que um casal se predispõe a curar a ferida entre ambos surgida e só superável mediante a aprendizagem do choro por parte dela?
O conto não é completamente esclarecedor a tal respeito, embora o que verdadeiramente estará em causa será a capacidade de nos acreditarmos ou não amados pelo outro, aquele a quem se torna mais prático «matar» por medo de sermos por ele próprio assassinados no nosso íntimo, na nossa identidade.
É a questão da auto-estima, do medo da rejeição. E caberá, então, questionar se a mulher em causa teria mesmo um braço a menos ou se essa deficiência mais não é do que a simbólica expurgação de uma parte de si…
O conto de Jaime Rocha lança todas essas pistas sem nenhuma delas conduzir a um fim clarificador.
Resta a capacidade de a mulher ter, enfim, começado a chorar. E com ela a curar-se do mal em si antes identificado…

Sem comentários: