quinta-feira, junho 20, 2019

(DIM) «Yoshiwara» de Max Ophuls (1937)


A chegada dos nazis ao poder fez com que o realizador Max Ophuls emigrasse para França ciente dos riscos inerentes à sua condição de judeu. Nos seis anos seguintes rodaria dez filmes, a maioria na terra de exílio, mas ainda um na Itália e  outro na Holanda.
«Yoshiwara» data de 1937 e foi realizado com pouquíssimos meios, que explicam a razão para o sentirmos incapaz de reproduzir o bairro da prostituição em Tóquio, onde o melodrama tem  lugar.
A ação passa-se em 1890, quando um condutor de riquexó (Sessue Hayakawa) apaixona-se por uma gueixa de origem nobre (Michiko Tanaka), arrastada para tão precária condição pela necessidade de solver as dívidas da família e sustentá-la. Ele ambiciona arranjar o dinheiro bastante para a resgatar e torná-la sua legítima esposa, mas fica furibundo quando a descobre enamorada de um oficial russo (Pierre Richard Willm).
A vingança redundará na tragédia, que justifica a inclusão do filme no ciclo sobre melodramas, que a Cinemateca está a apresentar, estando prevista a sua exibição na sessão da tarde do próximo dia 28 de junho.
Michele Mancini, um dos admiradores do filme, menciona entre as características do estilo de Ophuls “a ilusão, a circularidade, o gosto pelas máquinas e os artifícios teatrais e a extraordinária féerie visual de algumas passagens”.
Ophuls voltaria a emigrar em 1939, quando a Alemanha de Hitler ocupou a França, mas Hollywood quase não lhe deu oportunidade de prosseguir a carreira de realizador, produzindo-lhe apenas «Cartas de uma Mulher Desconhecida» (1948) baseada numa história de Stefan Zweig.
O sucesso só se tornaria indiscutível quando, regressado à Europa logo no início dos anos 50, assinou « O Prazer» (1952), «Desejos Proibidos» (1953) e «Lola Montés» (1955).

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