segunda-feira, janeiro 15, 2018

(DIM) O Medo no cinema norte-americano dos anos 60

O Medo continua a ser o tema que a Cinemateca vem abordando na grande maioria das sessões deste mês, ciente de, desde os seus primórdios, a Sétima Arte sempre ter fundamentado o sucesso na capacidade de despertar emoções nos que se sentam para ver quanto se passa num ecrã. Ora, sendo o Medo uma das sensações mais intrinsecamente humanas por ser uma das que melhor coincide com a preocupação de sobreviver a ameaças, ele vem sendo eficientemente exorcizado através de filmes capazes de deixarem mais descontraídos quem os vê e neles liberta muitos dos mais inconfessados receios.
Nos anos 60 a indústria de Hollywood encontrou nessa preocupação um bom motivo para concretizar propostas, que estavam destinadas a satisfazer a procura de catarses cinéfilas.
Logo no início da década, o alemão Wolf Rilla adaptou uma novela de um conhecido autor de ficção científica, devidamente incluído na mítica coleção Argonauta, que tanta evasão permitiu aos adolescentes da minha geração: John Wyndham. Em «A Aldeia dos Malditos» os miúdos de uma aldeia inglesa começavam a ostentar comportamentos estranhos como se deles tivessem sido erradicadas todas as emoções normais. O pior estava por se descobrir logo de seguida: dotados de poderes maléficos, eles revelavam uma sinistra tendência homicida…
Dois anos depois, em 1962, o realizador Blake Edwards  fez um parêntesis no seu habitual afã em criar comédias e assinou «Uma Voz na Escuridão». Glenn Ford era um detetive incumbido de analisar as suspeitas relativamente à personagem interpretada por Lee Remick quanto a homicídios e assaltos verificados numa vila, que David Lynch viria a tornar famosa: Twin Peaks.
Outra ambição teve Roman Polanski quando, em 1968, assinou «A Semente do Diabo», que constituiria um dos filmes mais significativos dessa época. Numa variação do tema de Fausto, o marido da personagem interpretada por Mia Farrow vendia-a ao Diabo, que a engravidava, tornando iminente uma ameaça terrível para a humanidade. Seria este filme a abrir a torneira para um longo fluxo de filmes em que os poderes maléficos inquietavam as plateias.

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