domingo, janeiro 14, 2018

(DIM) «Aproveita a Vida, Henry Altmann», Phil Alden Robinson (2014)

Há filmes, que valem bem mais do que mostram no ecrã e este é disso exemplo eloquente. No mesmo ano em que foi rodado, Robin Williams punha termo a prolongada depressão suicidando-se. É por isso, que existe algo de perversamente necrófilo em vermos este filme e tentarmos entender até que ponto ator e personagem se colavam um ao outro.
Se quisermos acentuar ainda mais nesta nota poderemos aferir até que ponto este papel possa ter precipitado uma decisão anteriormente congeminada. Mas também podemos concluir que Williams terá rejeitado a grande lição de Henry Altmann, que depois de tentar o suicídio no Hudson, atirando-se da Ponte de Brooklyn, terá aproveitado os oito dias de vida, que o aneurisma cerebral lhe proporcionou para compensar os muitos desperdiçados nos últimos anos.
Situando-nos nos territórios das comédias dramáticas, existe aqui algo afim aos livros de autoajuda, que nos tendem a convencer de uma série de ideias feitas, que não são mais do que isso mesmo (“enquanto há vida há esperança”, “o mais importante é a família”, “há que fazer na vida o que nos for agradável, deixando para trás o que só nos frustra”, etc.).
Entre a tendência do cinema mainstream de Hollywood em nos deixar consolados no final e algumas soluções no argumento, que poderiam sugerir a intenção (mesmo que não o talento!) de ir mais além, «Aproveita a Vida Henry Altmann» fica nas nossas memórias por coincidir com o definitivo adeus de um ator que nos deixou gratas recordações...



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