domingo, março 29, 2015

DIÁRIO DE LEITURAS: «Zona Quente» de Richard Preston (1a parte)

Há alguns meses as notícias de abertura dos telejornais estavam focalizadas na epidemia de Ébola iniciada na África Ocidental, mas que chegaria depois á Europa e aos EUA.
Atualmente, muito embora essa ameaça esteja ainda latente, já quase foi esquecida e não ficámos garantidos quanto á possibilidade de vir a ser descoberto proximamente um fármaco eficiente e capaz de travar a quase condenação à morte, que a contração da doença significa.
Há vinte anos este livro de Richard Preston foi um sucesso de bilheteira por descrever detalhadamente a forma como os filovírus vieram para se instalar duradouramente na nossa realidade quotidiana.
Na passagem do ano de 1980 um francês radicado numa plantação queniana vai passar uns dias com uma companheira ocasional ao monte Elgon, perto do Rift.  Com 56 anos, Charles Monet ainda era um homem vigoroso apesar de conhecido pela sua pacatez.
Internando-se na caverna Kitum, onde as manadas de elefantes costumavam procurar satisfação para as necessidades em sal, contrai o vírus de Marburg ao tocar em fezes de morcegos.
Oito dias depois começa a sentir-se adoentado e é embarcado para Nairobi pelos colegas de trabalho na plantação. Não podiam imaginar que o corpo dele estava transformado numa bomba biológica, que explodiria nas urgências do Hospital, com fezes, sangue e outra matéria contaminada a espalhar-se à sua volta.
Dias depois, a 15 de janeiro, o dr. Shem Musoke, que procurara reanimar Monet na semana anterior e fora atingido pelo seu colapso, começa com dores de costas logo seguidas de acelerada degradação de todos os órgãos incapazes de conter os muitos derrames que se espalhavam por todo o corpo devidos à não coagulação do sangue.
Felizmente para ele, após alguns dias de quarentena, começa a melhorar até à recuperação. É que o vírus em causa, o Marburg, embora pertencente à mesma família dos filovírus designados por Ébola, revela-se menos letal, apenas matando um em cada quatro pacientes.
O nome de Marburg fora-lhe atribuído em 1967, quando três dezenas de alemães a trabalharem num laboratório foram fatalmente contaminados por macacos comprados em África para serem utilizados em experiências científicas.
Por seu lado o Ébola fora descoberto no Zaire em 1976, quando uma região remota teve a sua população praticamente dizimada por uma epidemia, que acabara por chegar à capital com uma enfermeira a causar o pânico ao andar de hospital em hospital para procurar nas Urgências a solução para o colapso progressivo do seu organismo
Nove anos depois, uma amostra recolhida no sangue dessa enfermeira quase contamina Nancy Jaxx, major do Exército americano, envolvida em investigações sobre vírus num dos mais sofisticados laboratórios do mundo. 

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