O que se revela uma constante no cinema dos irmãos Dardenne é o recurso a temáticas «pesadas», pouco atraentes para quem do cinema tem a pretensão de colher mero entretenimento.
Por outro lado não deixa de ser singular que provenha da Bélgica do tenebroso Dutroux a insistência no perigo iminente para as crianças nos seus filmes mais recentes: em «O Filho», um miúdo é colocado em reabilitação na oficina de mecânica cujo proprietário é o pai do miúdo que matou. Em «A Criança» um jovem adolescente decide vender o filho, que teve com a namorada. Em «O segredo de Lorna» o bebé supostamente existente na barriga da jovem albanesa, até então envolvida no tráfico dos «casamentos brancos», arrisca-se a ser abortado ou morto com ela, se ambos não conseguirem escapar às máfias em causa.
Não se encontram, pois, ambientes glamourosos como os habitualmente criados nos estúdios de cinema. Os personagens dos Dardenne vivem miseravelmente, sempre no fio da navalha, e procuram utilizar os expedientes mais à mão para continuarem a despertar para cada novo dia.
E os realizadores não facilitam a vontade que acompanha cada espectador no sentido de sair aliviado da sala escura à pala de um final feliz. Mesmo que os personagens consigam escapar fisicamente incólumes às suas experiências de vida algo extremas, acompanhá-los-á as marcas evidentes dos traumas por que são obrigados a passar…
Vemos, ouvimos, lemos e experimentamos. Tanto quanto possível pensamos pela nossa própria cabeça...
sexta-feira, dezembro 11, 2009
Le Silence de Lorna
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário